O ano era 1995: Ronaldo tinha dez anos e foi campeão logo em sua primeira temporada pelo novo clube. Ele já era um astro na Ilha da Madeira. Pedro Talhinhas, ex-treinador de Cristiano Ronaldo, destacou as qualidades do jovem.
– Ele era um menino acima da média. Tinha um grande potencial. A facilidade de driblar com as duas pernas era impressionante. Os dribles eram sempre em direção ao gol. Para ter ideia, eu era treinador dele no infantil, mas ele já era titular do time de iniciantes – de meninos com 13 e 14 anos. Ou seja, bem mais velhos. E, mesmo assim, já se destacava.
O Nacional era pequeno para um talento que crescia tão rápido. O clube devia € 25 mil (cerca de R$ 50 mil) ao Sporting de Lisboa por causa de um jogador chamado Franco. Na época, o presidente Rui Alves decidiu que Cristiano iria para Lisboa, caso a dívida fosse perdoada. E ficou resolvido que, na Páscoa, o jovem faria um teste na capital. Era tudo ou nada.
No dia 17 de abril de 1997, o técnico Osvaldo Silva e Paulo Cardoso, seu auxiliar, o receberam. Cristiano Ronaldo foi colocado para atuar contra meninos mais velhos e deixou todos de boca aberta com seu enorme potencial.
– O Cristiano jogou na minha equipe. Ele recebeu a bola e saiu fintando os meninos. Eu e o Oswaldo nos olhamos e nos perguntamos: o que é isso? Eu nunca tinha visto na vida um jogador daquela idade com tanta qualidade. Os próprios colegas do time também ficaram encantados e disseram: “Treinador, o madeirense joga bem hein” (risos). Era inacreditável! – contou Paulo Cardoso.
O madeirense voltou para casa e Aurélio Pereira, coordenador de futebol juvenil do Sporting, teve a difícil missão de convencer a direção do clube de que o jovem valia € 25 mil (cerca de R$ 50 mil).
– O meu amigo Marques Freitas, presidente do núcleo leonino na Ilha da Madeira, disse que tinha um menino muito talentoso. Naquele momento, Deus me iluminou e pedi para que o trouxesse. Quando vi o Cristiano em campo, fiquei muito entusiasmado pela enorme vontade que demonstrava. A troca não era uma coisa aparentemente sensata, mas pedi para que o Simões de Almeida, administrador de finanças do clube, aprovasse a contratação. Inicialmente, ele não acreditou no pedido. Afinal, era um menino de 12 anos. Até hoje, o Sporting jamais pagou um valor semelhante (€ 25 mil) por um jogador de 12 anos.
Craque desde sempre